Chico Corrente - Hinário O Signo do Teu Estudo - Céu do Mapiá
Francisco Corrente foi um homem de poder caminhando no planeta terra. Agora onde se encontre é uma nova história iniciada. Vejo histórias tão recentes como o Lúcio e o Glauco, por não falar do Vô Corrente e Madrinha Cristina, o Paulinho, com uma presença espiritual tão marcada dentro da sessão, que o Chico com toda certeza vai estar cada vez mais clarividente e presente em nosso Trabalho. Isto sim é dos grandes primores que nos propicia a Doutrina da floresta, continuar a conviver de perto com nossos irmãos que passam ao outro lado da vida.
As palavras ficam curtas para falar do Chico. Trabalhador, sempre fazendo algo, resolvendo assuntos, atento, mas por cima de tudo, para quem o conheceu na força, um príncipe poderoso do mistério sagrado. Poucos vi com tanta autoridade. Traduziu com enorme facilidade o conhecimento. Todos que beberam da fonte de suas palavras e desfrutaram sua presença receberam instruções claras e diretas. Como o hino de seu pai que gostava de cantar, ele era a fonte inesgotável...
Feitio, roçado, lavoura, replantio, rainha, jagube, canoa, Purús, comunidade, escola, meio ambiente, Amazônia, tudo na mochila. Sua natureza desde cedo o levou a conhecer outros horizontes. Trazia sua enorme bagagem e marcou presença forte nas novas famílias daimistas que se formavam fora da Amazônia. Esteve com força nos inícios de Mauá, Céu do Mar, depois os centros de Minas, São Paulo, Sta Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai, Manaus, Belém, Brasilia e todos os cantos por onde andou. No estrangeiro marcou fundo seu rastro na Espanha, agora será ainda mais. Também na Holanda e Inglaterra houve muita magia. Ao final das visitas gostava de cantar “é na boca da mata / é na boca da mata que eles moram... já trabalhou / se despede vai embora...”
Certo é que ninguém ficava perto deste homem sem ser contagiado por sua alegria. Nos últimos tempos, por conta do mal estar, mudou um pouco, natural, mas enquanto gozou saúde para andar pelo mundo esbanjava risadas quase ininterruptas. Se encontrava alguém espirituoso por perto – um Glauco - ninguém segurava. Ao final dos trabalhos, quando era preciso, abria uma nova sessão. Cantava, puxava pontos e mandingas inimagináveis, até que estavam todos bem, sorridentes, então ia trocar de roupa e se alimentar. Esse ponto de sempre cuidar de tudo e todos antes de cuidar de si, de repartir o alimento, era marca certa do filho do Vô Corrente.
Muita saudade vai acompanhar sempre a lembrança deste grande companheiro e professor, especialmente quando andar pelos lugares onde costumávamos trabalhar juntos. Na verdade em qualquer lugar, ouvindo com atenção as palavras de seus hinos, uma emoção muito forte se manifesta por cima de tudo. Qualquer momento. Agora mesmo. Percebendo e sentindo seu jeito de ser, sua presença, o brilho dos olhos. A certeza que vai estar sempre por perto. O herdeiro do Padrinho Manoel Corrente agora se encontra no plano, como ele dizia, e estará sempre presente.
O tom destas palavras traz algo de despedida, um adeus em certa medida, de não poder mais compartir um chimarrão no clarear do dia, lembrar histórias acontecidas, dar boas risadas, fazer planos, e o mais marcante, abrir os trabalhos e chamar a força a seu lado.
Chico Corrente - Hinário O Signo do Teu Estudo - Céu do Mapiá (Tio Chico cantando)
Locução por:
Rádio do Mapiá
Este programa não está agendado para nenhum horário